5 de maio de 2006


"Eu não modifiquei meus métodos ou minha atitude quando trabalhei na televisão. Não importa em qual meio, eu faço filmes"

ME: O seu último filme para a Toei foi em 1979, quando a fórmula do estúdio estava em decadência. Isso deve ter sido uma mudança e tanto pra você como filmmaker. Você parecia ser muito leal aos estúdios para os quais trabalhou.

TI: Eu não me lembro muito bem do meu último filme para a Toei. Provavelmente foi um filme de motoqueiros, já me esquecí (risadas). Eu nunca me preocupei muito com o estado da indústria de filmes. Eu não tinha nada a ver com a parte dos negócios, eu apenas fazia filmes quando sentia vontade. O fato de não mais poder fazê-los para um estúdio não fez nenhuma diferença para mim.

ME: Então você nunca fez nenhuma distinção entre trabalhar para o telão, para a TV e para o Vídeo?

TI: Eu não modifiquei meus métodos ou minha atitude quando trabalhei na televisão. Não importa em qual meio, eu faço filmes. Mas é verdade que na televisão, por exemplo, eles têm suas próprias maneiras de produzir filmes, uma maneira que eu rapidamente percebi que não era pra mim. Eu nunca recebí muitas ofertas da televisão, mas onde quer que fosse eu trabalharia da mesma forma que em meus filmes.

ME: Você fez muitas adaptações, de obras literárias e também de mangás. Você sente alguma diferença entre trabalhar com uma adaptação e trabalhar com uma idéia original?

TI: Não como diretor, mas como roteirista existe, sim, uma diferença. Alguns roteiristas destroem o trabalho original e o reconstroem para se encaixar em suas próprias necessidades cinematográficas. Não é um método que eu gosto de usar. Eu acedito que você deva se manter o mais fiel possível à fonte, respeitando a obra original.

ME: Você muitas vezes adaptou o trabalho de Edogawa Rampo. O que você sente a respeiro da literatura de Rampo?

TI: Eu amo profundamente o trabalho de Rampo. É uma experiência assustadora, mas ao mesmo tempo muito entusiasmante e agradável, imergir em seu mundo misterioso, e foi esse sentimento a fonte de todas as adaptações que realizei sobre seu trabalho.

ME: Você era um garoto quando Rampo escreveu suas histórias, no antigo período Showa. Você sente alguma afinidade por seus escritos também nesse aspecto? Existe alguma nostalgia dessa época que possua relação aqui?

TI: Todos os garotos de minha geração até a geração de Shinya Tsukamoto (de Tetsuo - The Iron Man). com quem eu me dava muito bem, tinham lido o trabalho de Edogawa Rampo. Suas obras eram seriadas em uma revista chamada Shonen Club, que foi muito popular entre os garotos por longos anos. Foi por causa de termos começado a ler Rampo durante a nossa infância que hoje nos sentimos tão próximos de seu trabalho.

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