Refilmagem é um lixo e prova como holywood tá mergulhada na merda da falta de cérebro. Se ainda fosse uma falta de cérebro à là William Castle, eu ia adorar, mas é falta de cérebro à là APAE.
Fora as refilmagens de material americano como The Hills Have Eyes, Texas Chainsaw Massacre e Amityville, temos também as refilmagens de filmes orientais, como The Eye, The Grudge, The Ring. E vem mais aí, muito mais. Em breve, Let The Right One In (completamente desnecessário) e Last House on the Left (completamente desnecessário too).
iiiiuuu, se fudeu com o mascarado!
Marcus Nispel, eu acreditava em você... depois da refilmagem de TCM, que não foi exatamente uma obra de arte mas que foi uma modernização plausível, considerável, respeitosa com o original, e divertiu bastante... porra, a refilmagem de Friday 13th foi uma merda! Eu queria me divertir no cinema, mas só consegui fazer isso com a abertura do filme, que é uma chacina legal. Mas o filme no geral é fraco, tem as mortes mais broxantes - de curta duração e pouco impacto, feito pro rating ser leve. A produção com o selo Michael Bay é legal, claro, visual bom, mas roteiro perdido e atores insossos. Lembra a chatice de alguns episódios da série que eu nem consegui assistir, mas sem charme. Jason é um brutamontes mais bobão do que em outros filmes, não fode nem sai de cima. O flashback dos créditos iniciais é uma bosta, falaram bem em algum blog que li, mas é uma BOSTA que faz perder a graça de assistir o filme contando em takes curtos todo o charme da história do pobre Jason. No entanto, após a abertura semi-legal (que tem as melhores cenas do filme mesmo sendo SEMI-legal), ainda tem algumas coisas muito boas: o assassinato da lancha, mostrando que Jason-boy é craque no arco-e-flecha (aqui, alguma luz surge, o céu abre, pensamos: o filme vai ficar MUITO bom. Mas é ilusão); A cena em que Jason-boy encontra a máscara de hóckey, com direito a olhar dramático no espelho quebrado; eeeee o clássico final, com a ressurreição em Crystal Lake. De resto, um filme inútil, babaca. Conseguiu me divertir em no máximo, totalizando, uns 20min de cenas.
Lactopurga filho da puta...
Ressalva pra Alexandre Aja, que filmou a adaptação de uma projeção oriental pouco conhecida neste continente: Mirrors. Filme idiota também, bem naquele estilo DarkWater-JuOn-Ringu, mas em comparação com as peripécias de Nispel, agrada mais. Aja sabe criar o clima, claro, em muitas cenas, sempre com seu companheiro screenplayer, o mesmo de The Hills Have Eyes. O filme não é bom, mas acerta muitas vezes. As seqüências na construção que Jack Bauer fiscaliza são climáticas, visual regado de boas sacadas, com bons efeitos especiais. No entanto, algumas coisas matam: Primeiro, o argumento é bem idiota, bem idiota mesmo. A figura mata através dos espelhos, quase a idiotice de Samara matando através da TV. Mas isso a gente releva porque é cinema fantástico... embora da forma que o roteiro foi seguindo o tema, não me deixou muito feliz. Foi bem da forma investigativa desses filmes orientais, faltou personalidade. Segundo, a atuação da esposa do Jack Bauer no filme... caralhooooo, dá o Oscar pra ela. Dá agora. Terceiro, pode passar incompreendido, ou simplesmente destoar do resto do filme... mas Aja solta a mão no final e deixa rolar uma verdadeira leva de cenas recém saídas da máquina do tempo, no maior climão oitentista – parece até que trocaram o rolo de filme e colocaram Seres Rastejantes pra passar. Eu curti (claro!) – mas sei que tudo isso é um tipo de exagero que destoa do geral, desagradando quem estava gostando dos rumos comuns da refilmagem “Ringu”. O ponto mais alto do filme, lembrando aqui de seres Rastejantes, está em uma seqüência na banheira que é coisa das mais incríveis dos últimos filmes que vi. Fico até cheio de felicidade de lembrar dessa cena, sério mesmo.
Not there, honey... do not enter, don't you dare!!
E falando em legal, as picaretadas 3D de Harry Warden em My Bloody Valentine 3D foram as mais potentes. Viva a censura 18 anos! O filme ganha em desrespeito com o original, ganha em baixa qualidade da produção, com filmagem quase toda em vídeo, mas, porra, o filme é cheio de sangue e lâmpadas explodindo a cada pancada que Harry dá na galera. Tem tripas rolando soltas, anãs estranhas, seqüências de perseguição à là Wes Craven, mulher fugindo nua em muito tempo de seqüência - e aqui devo fazer um grande parêntese:
Quando vi em um certo blog uma crítica falando super mal da seqüência de sexo na refilmagem de Friday 13th, falando assim que a câmera era muito invasiva, que filmava o peito balançando, etc etc. E eu me empolguei, porque cena de sexo TEM que ser invasiva, tem que ser prolongada, assim como eu quero rir quando vou ver um filme, assim como quero ter medo, também quero que, quando role um sexo, eu sinta uma ereção legal também... cinema é cultura! Pior que quando assisti, achei fraca demais a tal da cena. Nada do que falaram no blog, ao qual não freqüentarei mais. Um pouco mais sobre as cenas de sexo My Bloody Valentine 3D/Friday 13th – está comprovado que os filmes gostam de colocar a mulher por cima. Nenhum dos dois mostra uma posiçãozinha diferente, é sempre a cavalcatta. Mas convenhamos que em My Bloody... apesar de que eu estava ocupado na hora e não vi, mas OUVI e a cena me pareceu mais eficiente só de escutar. Nada mais comum, visto que em Friday 13th a cena é um sexo fraco entre playboy e patricinha, enquanto que em My Bloody é entre um caminhoneiro e uma puta, ou seja, é sexo cru de verdade! \o/
Voltando, o filme tem energia, ao mesmo tempo que parece que a gente tá assistindo um filme no SuperCine pela baixa qualidade. Os atores desconhecidos estão melhores que Jack bauer em Mirrors, ou que qualquer playboy da refilmagem de Nispel. Enfim, uma refilmagem ridícula e que não tem nada a ver com o original, um puro desrespeito escroto, uma sacanagem, mas uma interessante montanha-russa no cinema. Curti. Harry Warden forever brutal, comprovando que tem lixo que vale a pena.
Coisas legais entre outras não tão legais, algumas piadas e as refilmagens, como sempre, da indústria moderna. Tem coisas que são imperdoáveis, como saber que estão refilmando Let The Right One In (do qual pretendo falar em outro século provavelmente), filme batido com os melhores ingredientes e servido em prato de porcelana, a melhor obra não só do gênero como da sétima arte que tenho visto nos últimos 5 anos.
Não é brincadeira, o gênero não andou trazendo coisa legal, a produção independente cresce, na França e Inglaterra principalmente, mas coisa boa tá em falta. Coisa sangrenta tem, bastante, mas tem gente que esquece que não é só de gosma e corante que se faz um bom filme.
Quando o texto é bom, temos algumas surpresas: O caso de Midnight Meat Train, baseado em um conto de Clive Barker, tem belíssimas cenas de assassinato, e consegue prender bem. As marteladas são impactantes, a maioria das cenas dentro do metrô são bem legais, mas como é de se esperar em um texto de Barker, o link entre o oculto e o homem-cego-moderno (que irônicamente é, no filme, um personagem fotógrafo que busca a alma da cidade através do olhar) acaba estragando no final boa parte do que poderia ter sido poupado dos olhos e do conhecimento do espectador. Mas o filme tem um charme inesperado, que só um texto bem escolhido de Barker poderia trazer. Se você conseguir esquecer os últimos minutos de filme, vai relembrar este aqui como uma boa experiência.
Isso não passava no National Geographic, querida
Também baseado em literatura, The Ruins traz a direção de Carter Smith, vencedor de alguns prêmios com seu curta “Bugcrush”. Resultado: Um bom filme, mas pouco ousado em comparação ao cartão de visitas do diretor. O curta consegue ser moderno, com um clima de indie flick focado nos personagens bissexuais, e um tanto minimalista, o que compactua com o geral. A história se desenvolve misteriosamente em torno do que poderia ser apenas um caso de violência ou bullying entre jovens na escola, se não fosse pelo fator surreal quanto à química de um inseto utilizado para diversão como uma droga qualquer. Tanto o aspecto biológico (Em Bugcrush, temos um inseto que produz droga, em The Ruins, plantas carnívoras vorazes) quanto a própria forma de lidar com o universo dos jovens americanos indicou naturalmente Carter Smith para a direção de The Ruins, o que provou ser legal, mas não tanto quanto poderia. A criatividade encontrada em Bugcrush deve ter sido controlada em uma produção maior, o que de qualquer forma não atrapalhou muito o resultado, apesar do que eu preferiria ver Cronenberg filmando as plantinhas famintas (mas em defesa de Carter, como Cronenberg mesmo diria, Long Live the New Flesh).
Late que eu tô passando vai, late
Entre as modernidades interessantes, me esforcei para baixar o filme do filho de Roy Liechtenstein, cujas obras inspiradas por quadrinhos agradam a tantos e, não minto, são das melhores que vieram com a Pop Art. O que esperar de um filme chamado Teeth, sobre uma mulher que tem uma vagina mordedora, cujo trailer ressalta “esta rosa tem espinhos”? Algo bom, claro! Pelo menos eu pensei que, se bem conduzido, dava pra rolar, eu confio no gênero. O roteiro foi desenvolvido a partir de uma lenda antiga que servia para desencorajar a sexualidade precoce, pregando a castidade antes do casamento em culturas tribais - a lenda da Vagina Dentata. E de início, o filme começa bem! Vai tudo indo muito bem, a direção lubrifica legal, mas aí, de repente, a gente leva uma mordida... O filme mostra como a personagem (uma santinha que prega a castidade em algo tipo um grupo evangélico) se apaixona e vai mudando sua cabeça visto que seus hormônios estão saltitando, e acaba descobrindo sua peculiaridade genital da pior forma (leia-se aqui, com uma das melhores cenas do filme). O que ia sendo levado de forma sutil, acaba virando piada. O medo do diretor é aqui escancarado: temendo os comentários e as críticas quanto a um drama assustador focado na vagina que morde, ele prefere transformar o filme, de uma hora pra outra (leia-se, durante uma ida ao ginecologista) em uma grande piada com piercing na glande e velhos com língua ferina. Nem preciso dizer que o doutor perde os dedos. Maldito diretor medroso. Mas como dizem por aí, quem tem cu tem medo (ou quem tem pica).
Enfim, isso é pra mostrar que a melhor produção do gênero ainda se apóia na boa e velha literatura, a fonte original do nascimento do verdadeiro Horror pós-narrativas-folclóricas-ao-redor-da-fogueira. Let The Right One In, que citei lá em cima, também veio inicialmente das páginas de um livro.
Mas só porque eu to lembrando disso aqui no blog, não me venham falar de Crepúsculo, que aqui a gente não lida com Harry Potter.
“Creation destroys as it goes, throws down one tree for the rise of another. But ideal mankind would abolish death, multiply itself million upon million, rear up city upon city, save every parasite alive, until the accumulation of mere existence is swollen to a horror.”
D.H. Lawrence