5 de maio de 2006


"Quando eu olho os assalariados, que trabalham em seus escritórios todo dia das 9 às 5, eu sinto um pouco de culpa, porque eu consigo fazer minha vida simplesmente me divertindo."

ME: Um grande contribuidor para tal mudança é Mark Schilling, que programou a homenagem em Udine e escreveu sobre você em seu Yakuza Movie Book.

TI: Sim, muito disso tudo ocorreu graças a Mark Schilling, que introduziu meus filmes no exterior. Como eu disse, eu nunca pensei que meus filmes viessem a ser vistos por um público estrangeiro, por isso sou muito grato a Mark por tê-lo feito acontecer.

ME: Como e porquê você entrou inicialmente no mundo do cinema?

TI: Antes de tudo eu sempre fui um grande fã de filmes. Na minha juventude meus pais de vez em quando me levavam ao cinema e eu me lembro que naquela época nós podíamos assistir muitos filmes Franceses. Eu ficava fascinado com esses filmes e assistí a um número muito grande deles, e como resultado eu acabei me interessando em trabalhar em um filme por conta própria. Eu comecei como assistente de câmera e gradualmente abrí caminho até a direção.

ME: Naquele tempo você considerava fazer filmes um mero trabalho ou você tinha um interesse mais profundo quanto a isso?

TI: Era como um brinquedo (risos). Eu estava me divertindo muito com aquilo. Essa é uma atitude que nunca mudou para mim. Quando as pessoas se referem ao filmmaking como meu trabalho eu sempre fico um pouco confuso, Porque eu não considero o que eu faço nada mais do que curtir um ótimo momento. Quando eu olho os assalariados, que trabalham em seus escritórios todo dia das 9 às 5, eu sinto um pouco de culpa, porque eu consigo fazer minha vida simplesmente me divertindo.

ME: Você fez sua estréia na direção no final dos anos 50 nos estúdios Shintoho. Como você vê aquela época?

TI: Foi sem dúvida a melhor época da minha vida. Shintoho era uma empresa maravilhosa para se trabalhar. Você só precisava aparecer nos escritórios duas vezes por mês, dias 16 e 30, para pegar seu pagamento. Tudo o que você precisava fazer em troca era sugerir uma idéia de estória por mês. Além disso eu era livre para fazer o que eu bem entendesse, então eu saía para assistir um monte de filmes e peças de teatro enquanto trabalhava lá.

ME: Como você viveu a falência do estúdio em 1961?

TI: Com muita tristeza, obviamente. Os empregados da Shintoho viviam uma camaradagem muito forte, que continuou por muito tempo após a queda do estúdio. Hoje em dia nós continuamos a ter reuniões mensais dos ex-empregados da Shintoho, incluindo as senhoras que trabalhavam na cafeteria do estúdio. Nós somos como uma família e nenhum dos ex-empregados ainda vivos perde sequer uma reunião.

ME: Após isso você entrou na Toei studios. Porquê escolheu eles?

TI: Na verdade eu nunca entrei propriamente na Toei. Eu fui freelancer e só trabalhei com eles entre um filme e outro.

ME: Você trabalhou com muitas estrelas na Toei, incluindo Ken Takakura, Tetsuro Tamba e mais tarde Sonny Chiba, que entre esses é o mais conhecido fora do Japão. Qual foi sua relação com esses homens naquela época?

TI: Eu estou um pouco surpreso em ouvir você dizer que Chiba é tão famoso, porque na Toei a estrea sem comparação era Takakura. Chiba estava bem mais abaixo no ranking. Ele interpretava papéis principais, claro, mas os filmes com Takakura é que definiam a imagem da Toei. Eu gostei de trabalhar com todos os três, mas me aproximei mais de Tamba porque ambos viemos da Shintoho. Takakura e eu nos conhecemos na Toei, mas fizemos muitos filmes juntos naquele período. Na verdade Takakura fez mais filmes comigo do que com qualquer outro diretor.

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